terça-feira, 18 de novembro de 2008

Rachel de Queiroz, a primeira mulher na ABL

Estátua de Rachel na Praça General Tibúrcio, em Fortaleza.


Há 98 anos, em 17 de novembro de 1910, nascia uma grande escritora brasileira: Rachel de Queiroz - a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras e considerada por muitos a maior escritora brasileira.


Ela era filha de Daniel Queiroz Lima e de Clotilde Franklin de Queiroz, descendente pelo lado materno da família do escritor José de Alencar.


Em 1925 Estreou na imprensa no jornal O Ceará, escrevendo crônicas e poemas de caráter modernista sob o pseudônimo de Rita de Queluz. No mesmo ano lançou em forma de folhetim o primeiro romance, História de um Nome.


Aos vinte anos, ficou nacionalmente conhecida ao publicar O Quinze (1930), romance que mostra a luta do povo nordestino contra a seca e a miséria. Demonstrando preocupação com questões sociais e hábil na análise psicológica de seus personagens, tem papel de destaque no desenvolvimento do romance nordestino.


Na juventude apresentou tendências esquerdistas, sendo presa em 1937, em Fortaleza, acusada de ser comunista.


Já escritora consagrada, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1939. No mesmo ano foi agraciada com o Prêmio Felipe d'Oliveira pelo livro As Três Marias. Escreveu ainda João Miguel (1932), Caminhos de Pedras (1937) e O Galo de Ouro (1950).


Sua eleição, em 4 de novembro de 1977, para a cadeira 5 da ABL causou certo frisson nas feministas de então. Mas a reação da escritora ao movimento foi bastante sóbrio. Numa entrevista, em meio ao grande furor que sua nomeação causou, declarou: "Eu não entrei para a ABL por ser mulher. Entrei, porque, independentemente disso, tenho uma obra. Tenho amigos queridos aqui dentro. Quase todos os meus amigos são homens, eu não confio muito nas mulheres."


Lançou Dôra, Doralina em 1975, após lançou Memorial de Maria Moura (1992), saga de uma cangaceira nordestina adaptada para a televisão (Rede Globo) em 1994. Publicou um volume de memórias em 1988.


Morreu de problemas cardíacos, no seu apartamento, dias antes de completar 93 anos.


Principais obras

  • O quinze, romance (1930)
  • João Miguel, romance (1932)
  • Caminho de pedras, romance (1937)
  • As três Marias, romance (1939)
  • A donzela e a moura torta, crônicas (1948)
  • O galo de ouro, romance (folhetins na revista O Cruzeiro, 1950)
  • Lampião, teatro (1953)
  • A beata Maria do Egito, teatro (1958)
  • Cem crônicas escolhidas (1958)
  • O brasileiro perplexo, crônicas (1964)
  • O caçador de tatu, crônicas (1967)
  • O menino mágico, infanto-juvenil (1969)
  • Dora, Doralina, romance (1975)
  • As menininhas e outras crônicas (1976)
  • O jogador de sinuca e mais historinhas (1980)
  • Cafute e Pena-de-Prata, infanto-juvenil (1986)
  • Memorial de Maria Moura, romance (1992)
  • Teatro, teatro (1995)
  • Nosso Ceará, relato, (1997) (em parceria com a irmã Maria Luiza de Queiroz Salek)
  • Tantos Anos, auto-biografia (1998) (com a irmã Maria Luiza de Queiroz Salek)
  • Não me deixes: suas histórias e sua cozinha, memórias gastronômicas (2000) (com Maria Luiza de Queiroz Salek)

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Prepare-se para a nova língua portuguesa

A partir do início de 2009, fique atento: entra em vigor em janeiro o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que prevê a padronização ortográfica entre todos os países da língua portuguesa.

A reforma ortográfica vem sendo discutida desde 1990 pelos países que integram a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP): Brasil, Portugal, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor Leste.


O Brasil será o primeiro país a implementar as regras oficialmente. Mas não se assuste: as mudanças serão feitas de forma paulatina, com um prazo de conclusão até o início de 2013. Durante os quatro anos de transição as as duas formas serão aceitas.


As mudanças devem atingir aproximadamente 0,5% das palavras adotadas no Brasil. Nos demais países as alterações podem alcançar 1,6%. As mudanças mais significativas estão relacionadas à acentuação de palavras, incluindo a extinção do trema.


Veja o que muda com a reforma


• O alfabeto passa de 23 para 26 letras, com a inclusão de “k”, “y” e “w”.


Acentuação


Acento agudo


• Eliminação do trema. Exemplo: bilíngue. Só será mantido em palavras estrangeiras, como Hübner.


• Nas paroxítonas desaparece o acento agudo dos “i” e “u” tônicos depois de ditongos. Exemplo: feiura.


• Não leva acento o “u” tônico de formas rizotônicas dos verbos arguir e redarguir. Exemplo: arguem.


• O acento agudo de palavras paroxítonas com ditongos abertos “éi” e “ói” deixam de existir. Exemplos: ideia e heroico.


• Fica facultativo o emprego de acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito, em diferenciação à grafia do presente do indicativo. Exemplos: amámos, cantámos.


Acento circunflexo


• Palavras terminadas em “ôo” deixam de ser acentuadas. Exemplo: voo.


• As formas verbais da terceira pessoa do plural terminadas em “êem” perdem o acento circunflexo. Exemplos: leem, veem.


• Ficam aceitas as duas formas: econômico/económico, acadêmico/académico, fêmur/fémur.


Grafia


• A reforma aceita duplas grafias em algumas palavras se elas forem pronunciadas tal como são escritas. Exemplo: facto/fato.


Hífen


• Expressões que perderam a noção de composição devem ser grafadas sem hífen. Exemplo: mandachuva, paraquedas.


• Emprega-se o hífen quando a segunda palavra começa com “h” ou quando inicia com a mesma vogal que encerra a primeira. Exemplo: pré-história, super-homem, micro-ondas.


• Exclui-se o hífen quando a segunda palavra inicia com “r” ou “s” ou com vogal diferente da que encerra a primeira. Ex.: antissemita, antirreligioso, autoestrada. Exceção: quando o “r” vem do prefixo (hiper, inter, super). Exemplo: super-rápido.


Tema do amor por Gabriela


Todos os dias esta saudade, felicidade cadê você
Já não consigo viver sem ela
Eu vim à cidade pra ver Gabriela
Tenho pensado muito na vida
Volta bandida, mata essa dor
Volta pra casa, fica comigo
Eu te perdôo com raiva e amor


Chega mais perto, moço bonito
Chega mais perto meu raio de sol
A minha casa é um escuro deserto
Mas com você ela é cheia de sol


Molha tua boca na minha boca
A tua boca é meu doce, é meu sal
Mas quem sou eu nessa vida tão louca
Mais um palhaço no teu carnaval


Casa de sombra, vida de monge
Quanta cachaça na minha dor
Volta pra casa, fica comigo
Vem que eu te espero tremendo de amor


Do LP "Tom Jobim e Convidados", Philips/PolyGram, 1985.


quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Helena: o céu ao alcance das mãos


Helena Kolody (1912-2004), é a mais consagrada poetisa do Paraná.

Helena passou parte da infância na cidade de Rio Negro, na divisa com Santa Catarina, onde fez o curso primário. Estudou piano, pintura e, aos doze anos, fez seus primeiros versos. Seu primeiro poema publicado foi A Lágrima, aos 16 anos de idade, e a divulgação de seus trabalhos, na época, era através da revista Marinha, de Paranaguá.

Aos 20 anos, Helena iniciou a carreira de professora do Ensino Médio e inspetora de escola pública. Lecionou no Instituto de Educação de Curitiba por 23 anos.

Seu primeiro livro, publicado em 1941, foi Paisagem Interior, dedicado a seu pai, Miguel Kolody, que faleceu dois meses antes da publicação.


Helena praticava principalmente haicai, uma forma poética de origem japonesa, cuja característica é a concisão - ou seja, a arte de dizer o máximo com o mínimo. Foi a primeira mulher a publicar haicais no Brasil, em 1941.

Foi admirada por poetas como Carlos Drummond de andrade e Paulo Leminski, com quem teve uma grande relação de amizade pessoal e literária.

Dona de uma enorme coleção de adjetivos-virtudes, palavras-emblemas, atribuídos a ela pelo povo paranaense, Helena deixou uma obra, que na qualidade lembra outra grande poeta: Cecília Meirelles. O amor que ela conquistou pelos poemas, pelos livros, juntou-se à lira de sua poesia feita de canções à vida, da solidariedade, da natureza e a inquietude da condição humana.


Alguns haicais de Helena

Poesia mínima
Pintou estrelas no muro
e teve o céu
ao alcance das mãos.


Último
Vôo solitário
na fímbria da noite
em busca do pouso distante.


Aplauso
Corrida no parque
O menino inválido
Aplaude os atletas.


Alegria
Trêmula gota de orvalho
presa na teia de aranha,
rebrilhando como estrela.


Flecha de sol
A flecha de sol
pinta estrelas na vidraça.
Despede-se o dia.


Ipês floridos
Festa das lanternas!
Os ipês se iluminaram
de globos de cor-de-ouro.


Qual?
Damos nomes aos astros...
Qual será nosso nome
nas estrelas distantes?


Manhã
Nas flores do cardo,
leve poeira de orvalho.
Manhã no deserto.


quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Outubro, mês de mestres fantásticos

Caros amigos do Farol do Saber Tom Jobim, o tempo voa e já estamos em outubro, décimo mês do ano no calendário gregoriano. Mês que deve seu nome à palavra latina octo (oito), porque era o oitavo mês do calendário romano - que começava em março. Uma curiosidade: outubro começa sempre no mesmo dia da semana do que o mês de janeiro - isso quando não é ano bissexto, como 2008...

Mas outubro é um mês recheado de aniversários importantes. Foi neste mês, por exemplo, que nasceu em São Paulo Mário de Andrade, poeta, romancista, e ensaísta brasileiro, o mentor da Semana de Arte Moderna de 1922, evento que mudou os rumos da literatura e das artes no Brasil.

Outro importante escritor brasileiro a nascer neste mês foi o mineiro Fernando Sabino, contista e romancista, autor de premiadas obras como O encontro marcado, A mulher do vizinho e O grande mentecapto.

Neste mês também veio ao mundo o mestre Cartola, compositor carioca e um dos fundadores da Mangueira que pode ser considerado um dos maiores poetas do país: compôs mais de 500 canções, entre elas obras-primas como As rosas não falam, Alvorada, O mundo é um moinho e O sol nascerá. Bons tempos do samba carioca...

Nasceu também o polêmico francês Oscar Wilde, autor de peças de teatro, contos infantis, novelas e um único romance, o consagrado O retrato de Dorian Gray.

Foi numa bela manhã do dia 19 de outubro de 1913 que nasceu um de nossos maiores poetas, e também o maior parceiro musical de Tom Jobim: Vinícius de Moraes. O "Poetinha", como era conhecido, teve uma obra vasta, passando também pela literatura, teatro e cinema.

Os mais novos talvez não conheçam, mas quem tem mais de 30 anos certamente já assistiu pelo menos uma telenovela escrita pelo brilhante Dias Gomes, nascido em 19 de outubro de 1922. Foi um dos maiores, senão o maior, dramaturgo da história da TV brasileira, autor de novelas espetaculares como Roque Santeiro, Saramandaia, Mandala e Araponga. Mas sua obra mais genial foi, sem dúvidas, O Bem Amado, que primeiro foi novela e anos mais tarde virou um seriado de televisão.

Nasceu também em um mês de outubro um dos autores mais controversos na história da filosofia moderna: o alemão Friedrich Nietzsche.

Assim como um verdadeiro ícone do século XX: o norte-americano John Lennon, músico, cantor, compositor, escritor e ativista.

Por último, cito duas personalidades prá lá de especiais.

O primeiro é o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade. "Havia uma pedra no meio do caminho..."

A segunda, e última, é a nossa eterna Helena Kollody. Nossa porque é daqui, paranaense, nasceu em Cruz Machado e passou a infância em Rio Negro, onde fez seus primeiros versos, mas depois radicou-se em Curitiba, cidade que amava. Helena se tornou uma das poetisas mais importantes de nosso estado e praticava principalmente o haicai, que é uma forma poética de origem japonesa cuja característica é a concisão - ou seja, a arte de dizer o máximo com o mínimo. Foi a primeira mulher a publicar haicais no Brasil, em 1941.

Durante o mês, falaremos um pouquinho mais destes gênios. Os gênios de outubro.

É pau, é pedra...



Águas de Março. Fantástica composição de Tom. Na voz do próprio Tom e da extraordinária Elis Regina.

É pau é pedra
É o fim do caminho
É um resto de toco
É um pouco sozinho...

É um caco de vidro
É a vida é o sol
É a noite é a morte
É um laço é o anzol...

É peroba do campo
É o nó da madeira
Caingá, Candeia
É o matita-pereira...

É madeira de vento
Tombo da ribanceira
É um mistério profundo
É o queira ou não queira...

É o vento ventando
É o fim da ladeira
É a viga é o vão
Festa da Cumeeira...

É a chuva chovendo
É conversa ribeira
Das águas de março
É o fim da canseira...

É o pé é o chão
É a marcha estradeira
Passarinho na mão
Pedra de atiradeira...

É uma ave no céu
É uma ave no chão
É um regato é uma fonte
É um pedaço de pão...

É o fundo do poço
É o fim do caminho
No rosto um desgosto
É um pouco sozinho...

É um estrepe é um prego
É uma ponta é um ponto
É um pingo pingando
É uma conta é um conto...

É um peixe é um gesto
É uma prata brilhando
É a luz da manhã
É o tijolo chegando...

É a lenha é o dia
É o fim da picada
É a garrafa de cana
Estilhaço na estrada...

É o projeto da casa
É o corpo na cama
É o carro enguiçado
É a lama é a lama...

É um passo é uma ponte
É um sapo é uma rã
É um resto de mato
Na luz da manhã...

São as águas de março
Fechando o verão
E a promessa de vida
No teu coração...

É uma cobra é um pau
É João é José
É um espinho na mão
É um corte no pé...

São as águas de março
Fechando o verão
É a promessa de vida
No teu coração...

É pau é pedra
É o fim do caminho
É um resto de toco
É um pouco sozinho...

É um passo é uma ponte
É um sapo é uma rã
É um belo horizonte
É uma febre terçã...

São as águas de março
Fechando o verão
É a promessa de vida
No teu coração...

-Pau, -Edra, -Im, -Inho
-Esto, -Oco, -Ouco, -Inho
-Aco, -Idro, -Ida, -Ol
-Oite, -Orte, -Aço, -Zol...

São as águas de março
Fechando o verão
É a promessa de vida
No teu coração...


quarta-feira, 10 de setembro de 2008

De volta à primavera

Estamos de volta, após o feriadão da Independência. Pois é, amigos, já estamos em setembro. O tempo voa.

Bem, setembro é o nono mês do ano no calendário gregoriano, tendo a duração de 30 dias. O seu nome tem origem na palavra latina septem (sete), dado que era o sétimo mês do calendário romano.


Por volta do dia 22, o sol cruza o Equador celeste rumo ao sul; é o equinócio de setembro, começo do outono no Hemisfério Norte e da primavera para nós, do Hemisfério Sul.


É também um mês no qual nasceram grandes escritores e artistas. Como, por exemplo, Dante Alighieri, o principal poeta da língua italiana, conhecido como il sommo poeta ("o sumo poeta"), autor da fascinante obra A Divina Comédia, na qual descreve de maneira fascinante uma viagem pelo Inferno, pelo Purgatório e pelo Paraíso divino.


Outro notável escritor nasceu no dia 29 de setembro: o espanhol Miguel de Cervantes, autor da mais importante obra escrita em castelhano, Don Quixote de La Mancha.


Também em setembro nasceu o poeta português Manuel Barbosa du Bocage, ou simplesmente Bocage, possivelmente o maior representante do arcadismo lusitano.

Em 15 de setembro de 1890 nascia Agatha Mary Clarissa Mallowan, a mundialmente famosa Agatha Christie. A britânica foi uma das maiores romancistas policiais da história e autora de mais de oitenta livros! Suas obras são as mais traduzidas de todo o planeta, superados apenas pela Bíblia e pelos livros de Shakespeare.

Aqui no Brasil, quem aniversaria são os gaúchos Lya Luft, romancista, poetisa e tradutora, e Luis Fernando Veríssimo, conhecido por suas crônicas e textos de humor, publicados diariamente em vários jornais brasileiros - inclusive no paranaense Gazeta do Povo. Também em setembro nasceu o já falecido jornalista e escritor Paulo Francis.

O mestre do horror Stephen King nasceu em 21 de setembro de 1947, nos Estados Unidos. Seus livros já foram publicados em mais de 40 países e muitas das suas obras foram adaptadas para o cinema, como Cemitério Maldito, O Iluminado e Carrie, a estranha.

Setembro também é o mês em que morreu outro importante poeta da língua castelhana: o chileno Pablo Neruda.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Mês do cachorro louco?

Agosto é popularmente conhecido como o "mês do cachorro louco". Mas você sabe por quê? Dizem que nesse mês os cães ficam com raiva... Mas raiva de quê? Porque os bichos estão de mal com a vida neste mês? Ou amalucados?

Claro que há uma explicação científica para o título, ainda que muito vaga. Na verdade, não se trata de raiva no sentido literal da palavra, mas sim um vírus que em agosto tem o maior pico de transmissão entre os animais porque há uma maior concentração de cadelas no cio, em decorrência das condições climáticas. Especialistas dizem que a briga pelas cadelas no cio também é um grande fator para o contagio: os cachorros acabam se machucando, abrindo feridas e se contaminando.

Por isso é tão importante vacinarmos nossos animais de estimação.

Mas o fato é que essa crendice popular acabou pegando, e o mês ficou conhecido por carregar "energias negativas".

Contra isso, os mais folclóricos costumam buscar proteção em figas, pés-de-coelho, trevos, medalhinhas de santos e outros tantos símbolos populares.


Bom, alguns fatos políticos ocorridos no mês de agosto ajudam a reforçar a tese:


24/08/1954
- Tido como o maior estadista que o Brasil já teve no governo, o presidente Getúlio Vargas se suicida, no Rio de Janeiro, para escapar à pressão dos adversários que o atacavam, aproveitando o "mar de lama" que havia invadido seu governo;

25/08/1961
- "Forças ocultas" levam Jânio Quadros a renunciar, deflagrando uma crise política. O vice, João Goulart, que estava em viagem à China, termina vítima de um golpe militar dois anos depois;

27/08/1969
- Segundo general a assumir a Presidência depois do golpe de 64, Costa e Silva sofre uma trombose e é afastado do governo. Quatro dias depois, uma junta formada pelos três ministros militares assume o poder, excluindo o vice-presidente Pedro Aleixo, que era civil.

22/08/1976
- O ex-presidente Juscelino Kubitschek morre em um acidente automobilístico cujas causas até hoje não foram bem esclarecidas;

25/08/1992
- A CPI do PC aprova o relatório final dos trabalhos, incriminando o presidente Fernando Collor e deflagrando o processo de impeachment.

É mole?


Mas nem só de tragédias vive o mês de agosto.

Foi neste mês que nasceram diversos escritores importantes, como os brasileiros Antônio Gonçalves Dias, Jorge Amado, Millôr Fernandes, o francês Guy de Maupassant e o americano Charles Bukowski. Foi em agosto, também, que nasceu um dos maiores gênios das artes plásticas: Andy Warhol. Durante o mês, falaremos um pouquinho mais sobre estas personalidades.

Como se vê, agosto não é só um mês de desgosto!


quarta-feira, 30 de julho de 2008

Mário Quintana, 102 anos


Há 102 anos, no dia 30 de julho de 1906, nascia em Alegrete (RS) um dos maiores poetas e jornalistas brasileiros: Mário Quintana.

Era filho de Celso de Oliveira Quintana e de Virgínia de Miranda Quintana. Fez as primeiras letras em sua cidade natal, mudando-se em 1919 para Porto Alegre, onde estudou no Colégio Militar, publicando ali suas primeiras produções literárias. Trabalhou na Editora Globo, quando esta ainda era uma instituição eminentemente gaúcha, e depois na farmácia paterna.

Considerado o poeta das coisas simples e com um estilo marcado pela ironia, profundidade e perfeição técnica, trabalhou como jornalista quase que a sua vida toda. Traduziu mais de 130 obras da literatura universal, entre elas Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, Mrs. Dalloway, de Virgínia Woolf, e Palavras e sangue, de Giovani Papini.

Em 1953 trabalhou no jornal Correio do Povo (Porto Alegre). Trabalhava como colunista da página de cultura, que saía no dia de sábado, e em 1977 saiu do jornal.

Em 1940 lançou o seu primeiro livro de poesias, A rua dos cataventos, iniciando a sua carreira de poeta, escritor e autor infantil. Em 1966 foi publicada a sua Antologia poética, com 60 poemas inéditos, organizada por Rubem Braga e lançada para comemorar seus 60 anos, sendo por esta razão o poeta saudado na Academia Brasileira de Letras por Manuel Bandeira, que recita o poema Quintanares, de sua autoria, em homenagem ao colega gaúcho. Em 1980 recebeu o Prêmio Machado de Assis, da ABL, pelo conjunto da obra.

Viveu grande parte da vida em hotéis, sendo o último deles o Hotel Majestic, no centro velho de Porto Alegre, que foi tombado e transformado em centro cultural e batizado como Casa de Cultura Mário Quintana, em sua homenagem, ainda em vida. Em seus últimos anos de vida, era comumente visto caminhando nas redondezas.

Em 2006, no centenário de seu nascimento, várias comemorações foram realizadas no estado do Rio Grande do Sul em sua homenagem.

Protesto contra a ABL

Mario Quintana tentou três vezes vaga à Academia Brasileira de Letras, mas em nenhuma das ocasiões foi eleito; as razões eleitorais da instituição não lhe permitiram alcançar os vinte votos necessários para ter direito a uma cadeira. Ao ser convidado a candidatar-se uma quarta vez, e mesmo com a promessa de unanimidade em torno de seu nome, o poeta recusou e escreveu seu conhecido Poeminha do contra:

Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho
Eles passarão...
Eu passarinho!


OBRA DO AUTOR


Poesia
  • A Rua dos Cataventos - Porto Alegre, Editora do Globo, 1940
  • Canções - Porto Alegre, Editora do Globo, 1946
  • Sapato florido - Porto Alegre, Editora do Globo, 1948
  • O aprendiz de feiticeiro - Porto Alegre, Editora Fronteira, 1950
  • Espelho mágico - Porto Alegre, Editora do Globo, 1951
  • Inéditos e esparsos - Alegrete, Cadernos do Extremo Sul, 1953
  • Poesias - Porto Alegre, Editora do Globo, 1962
  • Caderno H - Porto Alegre, Editora do Globo, 1973
  • Apontamentos de história sobrenatural - Porto Alegre, Editora do Globo / Instituto Estadual do Livro, 1976
  • Quintanares- Porto Alegre, Editora do Globo, 1976
  • A vaca e o hipogrifo - Porto Alegre, Garatuja, 1977
  • Esconderijos do tempo - Porto Alegre, L&PM, 1980
  • Baú de espantos - Porto Alegre - Editora do Globo, 1986
  • Preparativos de viagem - Rio de Janeiro - Editora Globo, 1987
  • Da preguiça como método de trabalho - Rio de Janeiro, Editora Globo, 1987
  • Porta giratória - São Paulo, Editora Globo, 1988
  • A cor do invisível - São Paulo, Editora Globo, 1989
  • Velório sem defunto - Porto Alegre, Mercado Aberto, 1990
  • Água - Porto Alegre, Artes e Ofícios, 2001
Livros infantis
  • O batalhão das letras - Porto Alegre, Editora do Globo, 1948
  • Pé de pilão - Petrópolis, Editora Vozes, 1968
  • Lili inventa o mundo - Porto Alegre, Mercado Aberto, 1983
  • Nariz de vidro - São Paulo, Editora Moderna, 1984
  • O sapo amarelo - Porto Alegre, Mercado Aberto, 1984
  • Sapato furado - São Paulo, FTD Editora, 1994
Antologias
  • Antologia poética - Rio de Janeiro, Ed. do Autor, 1966
  • Prosa & verso - Porto Alegre, Editora do Globo, 1978
  • Chew me up Slowly (Caderno H) - Porto Alegre, Editora do Globo / Riocell, 1978
  • Na volta da esquina - Porto Alegre, L&PM, 1979
  • Objetos perdidos y otros poemas - Buenos Aires, Calicanto, 1979
  • Nova antologia poética - Rio de Janeiro, Codecri, 1981
  • Literatura comentada - Editora Abril, Seleção e Organização Regina Zilberman, 1982
  • Os melhores poemas de Mário Quintana (seleção e introdução de Fausto Cunha)- São Paulo, Editora Global, 1983
  • Primavera cruza o rio - Porto Alegre, Editora do Globo, 1985
  • 80 anos de poesia - São Paulo, Editora Globo, 1986
  • Trinta poemas - Porto Alegre, Coordenação do Livro e Literatura da SMC, 1990
  • Ora bolas - Porto Alegre, Artes e Ofícios, 1994
  • Antologia poética - Porto Alegre, L&PM, 1997
  • Mario Quintana, poesia completa - Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 2005